Festival de cinema de Roterdã tem versão online e física; Dois filmes brasileiros estão na seleção
- Humberto Moureira
- 12 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de mar. de 2023

Sob o comando da da nova diretora Vanja Kaludjercic, o festival de cinema
de Roterdã, fundado por Hubert Bals em 1972, vai dividir sua edição em
duas partes devido a pandemia do COVID-19. Uma online que acontece de 1
a 7 de fevereiro e outra versão física de 2 a 6. de junho. Este ano o festival
celebra meio século de existência.
A lista de filmes que compõem a seleção da festival edição de número 50 será
disponibilizada no dia 20. Já os ingressos podem ser adquiridos a partir do dia 22. Os
filmes serão exibidos ao vivo seguidos Q&A, mas também ficarão disponíveis por 72
horas para a flexibilidade do público.
As mostras competitivas tem 2 produções brasileiras que farão suas estreias mundiais.
Carro Rei, com direção de Renata Pinheiro, em competição com outros 14 na Big
Screen Competition e Madalena, primeiro longa do diretor Mardiano Marcheti, que
concorre com outros 17 da mostra Tiger Competition.
Não é a primeira vez de Renata Pinheiro em Roterdã, outros trabalhos dela puderam
ser vistos no festival holandês. No curta-metragem Praça Walt Disney (2012) e no longa
Açúcar (2018), Renata dividiu a direção com Sérgio Oliveira que assina o roteiro do
novo longa em parceria com Leo Pyrata e com a diretora.
Ela fez ainda design de produção em Baixio das Bestas (2006) e Febre do Rato (2012) de
Claudio de Assis, de Hotel Atlântico (2010), de Suzana Amaral e de A Festa da Menina
Morta, de Matheus Nachtergaerle (2009), que está no elenco de Carro Rei.
O filho do proprietário de uma empresa de táxis tem um elo extraordinário com os
carros: ele pode falar com os automóveis. Uma amizade surge com o carro que o
salvou de um acidente de trânsito quando criança.

Com um ar futurista, os carros reclamam de uma de lei, a qual tira de circulação
carros com mais de 15 anos de idade. Em dado momento, os carros passam o seguir
“Carro Rei”. Inequivocamente, há uma camada no longa que faz crítica ao populismo
do presidente Bolsonaro e menção ao aquecimento global.
Madalena, com direção de Madiano Marcheti, tem como ponto de partida o corpo da
personagem-título, a qual é encontrada morta. Os protagonistas Luziane, uma hostess
de um clube, Cristiano que inspeciona plantações de soja a mando do pai e a mulher
trans Bianca estão conectados através de Madalena.
Marcheti rodou o filme na região agrária onde cresceu (Dourados- MS), captando o
visual da parte rural do Brasil pouco exibida no cinema. Gigantes máquinas agrícolas
se arrastam pela tela e o diretor se utiliza de reviravoltas inventivas em cenas
cotidianas.
Embora seja esse o primeiro longa de ficção, ele já coleciona experiências em curtametragem. Em 2013, Marcheti realizou Vácuo e Travessias, ambos exibidos exibidos
no Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo Kinoforum. Já O Lugar
Mais Frio do Rio foi premiado no 7º Festival Janela Internacional de Cinema do Recife e
exibido no Cinélatino, 27èmes Rencontres de Toulouse. O curta-metragem Essa Barra
Que é Gostar de Você (2016), abriu o Festival Mimo de Cinema e Música.
Madalena é claramente um grito de alerta ao narrar uma história que se passa no país
que tem a maior taxa de homicídios de pessoas transgêneros. A produção propõe um


