Vale (re)ver: The Shape of Water, o conto de fadas para adultos de Guilhermo del Toro
- Mariana Freitas
- 15 de set.
- 2 min de leitura

O longa The Shape of Water (A Forma da Água) tem como narrativa uma estória fantástica que acontece durante a Guerra Fria. Entre elementos de contos de fadas e de musicais, os personagens conquistam e seduzem o público pela humanidade. É impossível não se render a fenomenal Elisa, personagem de Sally Hawkins e a sua amiga de trabalho Zelda, interpretada por Octavia Spencer que se somam ao excepcional Richard Jenkins, vizinho de Elisa.
Del Toro afirma ser "um fã de contos de fadas, mas também de seres humanos.” A fantasia Para cada personagem ele criou uma biografia, exceto para Elisa e para a criatura, que no
decorrer do filme é chamada de coisa, monstro e qualquer outro adjetivo. O filme se passa em meados de 1960 mas traz uma série de possibilidades que podem ser analisadas como atuais. Esse ser com quem Elisa faz contato poderia ser interpretado como qualquer minoria e, como a sociedade tenta marginalizá-la. É um conto de fadas para adultos recheados de desejos e quereres humanos.
As cores estão presentes como em qualquer outro trabalho de Del Toro. O apartamento de Elisa e sua vestimenta tem sempre tonalidade de azul ou verde, relacionados ao elemento água. Já o apartamento de seu vizinho tem tons de dourado que podem representar o elemento ar. A partir dos tons que a protagonista veste é possível descobrir e
transitar pelo seu psicológico. A cor vermelha aparece em seu figurino quando ela, de fato, se apaixona. Já personagem Zelda traz humor e complementa a personagem de Elisa (que é muda) e é ela quem faz a comunicação de Elisa com os outros personagens no laboratório, onde elas fazem a limpeza.
O longa escrito pelo também diretor de O labirinto de Fauno, mostra um mundo real somado a um ser fantástico. “Os personagens são humanos, fazem sexo, sentem desejos e tem frustrações, pois vivem em um mundo real”, comentou Del Toro na estreia em Berlim.
Elisa tem um número musical numa linha que quase cai para o bizarro, mas o diretor resolve isso muito bem e consegue conduzir o público pela história sem explicar os persongens, mas faz o público se aventurar com eles. A música é de Alexander Desplat sustenta a narrativa. De maneira alguma a trilha faz com que o público se emocione. Ela trabalha
muito bem para servir a história e dá corpo para as cenas e, muitas vezes nem é percebida.
Tudo que se vê é um ótimo trabalho de animação associado a uma belíssima cenografia e o desempenho de atores que trabalham para contar uma história cheio de irônias, ácida e doce, mas nada ingênua. É uma história para adultos.


